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No Twitter, falha em sistema de denúncias continua sendo explorada

Grupo de usuários afetados entrou com representação no MPF, pedindo que conduta do Twitter seja apurada e formulário seja temporariamente suspenso

No Twitter, falha em sistema de denúncias continua sendo explorada
* A possibilidade de fazer denúncias em nome de terceiros continua sendo explorada por pessoas mal-intencionadas

* Twitter ajustou texto que notifica usuários depois de uma denúncia, reconhecendo controvérsia

* Influenciadores acionam Ministério Público por conta de recurso

O Twitter implementou recentemente uma alteração no texto automático enviado a usuários depois de uma denúncia ser feita por eles ou a partir de seus perfis, sugerindo que a empresa reconhece a controvérsia acerca denúncias feitas em nome de terceiros.

Em março, o Núcleo mostrou que o formulário de denúncias do Twitter vinha sendo explorado por usuários para registrar denúncias em nomes de terceiros. A falha – que, segundo o Twitter, não é uma falha – foi identificada pelo colaborador do Núcleo e pesquisador de segurança da informação Lucas Lago.

Falha no Twitter permite denúncia em nome de terceiros
Formulário permite que qualquer conta seja reportada em nome de qualquer usuário; Twitter diz que falha não é falha

A notificação enviada pelo Twitter a usuários que fizeram denúncias agora lê:

"Recebemos uma denúncia por conduta de propagação de ódio que alguém fez no seu nome".

Na versão anterior, a notificação dizia:

"Você enviou uma denúncia sobre conduta de propagação ao ódio".

Quando o Núcleo contatou o Twitter em março, a plataforma negou que houvesse uma falha de segurança, mas reconheceu que poderia haver um uso mal-intencionado do recurso de denúncias.

A falha, no entanto, não é técnica e sim no processo de denúncia, cuja dinâmica consiste em tornar possível, com pouco rigor e controle, que pessoas façam denúncias em nome de outras.

Representação ao MPF

Na semana passada, o Ministério Público Federal recebeu um novo material sobre as denúncias, que se anexa a uma representação feita no fim de junho por um grupo de usuários afetado pela prática. Entre 12 de junho e 13 de julho, foram 31 episódios de denúncias feita em nomes de terceiros.

Na representação, que cita o trabalho do Núcleo em identificar a falha, as partes fazem referência a violações à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e ao Marco Civil da Internet.

"O Twitter permite que a ferramenta de denúncia seja utilizada por terceiros em nome de outros, o que vem trazendo impactos ao engajamento e alcance das contas atingidas, sem aviso ou informações suficientemente precisas apresentadas pela plataforma", escreveram os advogados Flavio Siqueira Júnior e Gabriel Dantas, que assinam a representação.

"Nota-se que a plataforma não possui mecanismos para evitar o uso abusivo da ferramenta, como ocorrido contra os autores da presente representação, agravado pelo fato de que quem detém a conta não precisa consentir ou autorizar tal movimentação", acrescentaram.

Os pedidos. Os advogados encerram a representação solicitando que a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, órgão ligado ao MPF:

LINHA DO TEMPO

A representação junto ao MPF é só mais um capítulo de uma história que vem se desenrolando desde abril. Antes disso, um grupo de usuários que foi afetado já havia notificado o Twitter extrajudicialmente.

Texto Laís Martins
Colaboração Lucas Lago
Edição Sérgio Spagnuolo
Laís Martins

Laís Martins

Laís é jornalista pela PUC-SP e mestra em comunicação política pela Universidade de Amsterdam. Suas reportagens focam em direitos humanos, política e tecnologia. No Núcleo, atua como repórter.

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