Pular para o conteúdo

As pessoas querem saber como o Twitter combate fake news sobre Covid

Críticas sobre leniência da empresa com conteúdo falso e enganoso sobre Covid ganharam tração nos últimos dias

As pessoas querem saber como o Twitter combate fake news sobre Covid

Que semana para o Twitter Brasil. Nos últimos dias, a timeline da rede social foi inundada por tweets com as hashtags #TwitterApoiaFakeNews, #TwitterOmisso e #TwitterCúmplice, publicadas por pessoas interessadas em saber como a empresa está aplicando sua política de combate a desinformação sobre a Covid-19.

O Ministério Público Federal também quer saber.

Abaixo, o Núcleo explica essa treta ponto a ponto.

Críticas

As críticas feitas por pesquisadores, acadêmicos, jornalistas e figuras políticas sob as hashtags estão ligadas a três pontos principais:

Na quinta-feira a tarde, o Ministério Público Federal entrou no jogo.

Pautado por denúncias no Twitter, MPF pede esclarecimentos ao Twitter
Em ofício, MPF pede informações sobre ferramentas de denúncia e critérios de verificação

Em ofício enviado ao Twitter, o procurador da República em São Paulo Yuri Corrêa Luz, que cita explicitamente a movimentação em torno da hashtag no Twitter, solicita que representantes da empresa no Brasil respondam em até 10 dias sobre:

VERIFICAÇÃO

A blogueira bolsonarista Barbara Destefani, que tem um canal com 1,5 milhão de assinantes no Youtube, não foi a primeira conta bolsonarista a ter sua verificação concedida pelo Twitter durante a pandemia.

O jornalista Guilherme Felitti manteve um registro em sua conta de Twitter de ocasiões em que a empresa foi leniente com desinformação sobre COVID-19.

Em janeiro de 2021, logo depois de criar sua conta na plataforma, o assessor especial da Presidência da República Tércio Arnaud Tomaz, teve seu perfil verificado. Tomaz é apontado como um dos integrantes do Gabinete do Ódio.

Em dezembro de 2021, o Twitter verificou a conta do partido Aliança pelo Brasil, que ainda não possui registro junto ao TSE, e que dissemina desinformação sobre saúde. Felitti também manteve um registro de perfis não verificados mas que propagavam informações falsas sem serem punidos pelo Twitter.  

Uma outra conta pró-Bolsonaro que foi verificada pelo Twitter usa o pseudônimo de um gato. A conta, que frequentemente propaga desinformação ligada à vacina contra a COVID-19, teve o selo removido pelo Twitter, que também tirou um tuíte do ar.

Um gato bolsonarista foi verificado (e desverificado) pelo Twitter
Selo azulzinho já foi removido, mas colabora para dúvidas sobre os critérios adotados pela empresa

Posicionamento

Na noite de quinta-feira, a empresa publicou um longo fio em sua conta oficial na rede para trazer esclarecimentos.

O esclarecimento parece ter sido insuficiente. Muitos tuiteiros apontaram que, ao insistir na ideia de que o Twitter "tem o desafio de não arbitrar a verdade e dar às pessoas que usam o serviço o poder de expor, contrapor e discutir perspectivas", a empresa cai no negacionismo de tratar ciência como opinião ou questão de perspectiva.

Resumo do fio

Em resposta a questionamento enviado por email, o Twitter direcionou o Núcleo ao fio.

Texto Laís Martins
Edição Sérgio Spagnuolo
Laís Martins

Laís Martins

Laís é jornalista pela PUC-SP e mestra em comunicação política pela Universidade de Amsterdam. Suas reportagens focam em direitos humanos, política e tecnologia. No Núcleo, atua como repórter.

Todos os artigos

Mais em Reportagens

Ver tudo

Mais de Laís Martins

Ver tudo