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Uber Files: empresa manipulou dados para despistar autoridades

Empresa utilizou duas ferramentas externas para atrapalhar investigações com ela, revela jornal Guardian

Uber Files: empresa manipulou dados para despistar autoridades

A Uber utilizou ferramentas internas para manipular dados e atrapalhar ou despistar investigações relacionadas à empresa ao redor da Europa, de acordo com novas revelações publicadas nesta terça-feira (12.jul) pelo jornal britânico The Guardian.

O Uber Files é uma série publicada pelo Guardian em parceria com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) e outros 42 veículos de mídia internacionais. Os documentos internos fazem parte de uma base de dados da Uber entre 2013 e 2017, e vazados pelo ex-diretor senior Mark MacGann ao jornal.

O QUE ACONTECEU: Segundo o jornal, após o começo de uma investigação dinamarquesa sobre a Uber em 2015, a empresa usou uma ferramenta chamada Greyball para evitar que autoridades europeias investigassem internamente o aplicativo.

Essa ferramenta utilizava dados de geolocalização, informações de cartão de crédito, contas de mídia social e outros dados para identificar autoridades, potencialmente ferindo leis de proteção de dados. Com isso, fornecia uma versão falsa do aplicativo, mostrando carros fantasmas que nunca chegariam ao usuário.

Zac de Kievit, diretor jurídico europeu, sugeriu que a empresa poderia evitar a investigação “administrando nossa tecnologia… para impedir que os policiais/táxis encomendassem caronas”. Em 2017, a Uber disse que pararia de usar o Greyball, algo que não aconteceu, segundo o jornal.

A empresa também tentou usar o God View, ferramenta que dá acesso em tempo real à localização do usuário, para frustrar operações em flagrante. Ainda em 2014, a empresa disse que restringiria o acesso ao God View apenas a funcionários.

Gore-Coty, diretor da empresa na Europa, pediu que funcionários monitorassem o God View toda vez que houvesse uma operação em flagrante, fazendo com que autoridades “achassem que estavam chegando em algum lugar” com carros fantasmas no aplicativo.

O QUE DIZ A UBER: Um porta-voz do ex-CEO da Uber Travis Kalanick disse ao Guardian nunca ter aprovado o uso do Greyball contra autoridades, complementando que o programa foi feito para proteger motoristas de agressões e assédios de taxistas.

Edição Sérgio Spagnuolo
Sofia Schurig

Sofia Schurig

Repórter com experiência na cobertura de direitos humanos, segurança de menores e extremismo online. Estudante da UFBA, começou como estagiária no Núcleo, passando a ser repórter em 2024.

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